Quando falamos deste apóstolo do Senhor, praticamente todas as pessoas o rotulam como alguém sem fé e o assimilam de maneira negativa. A prova disso se evidencia nos nomes dos cidadãos de uma nação “Cristã” como a nossa; tem muito João, Pedro, Tiago, Mateus, Marcos e André, mas raramente aparece um Tomé. Será que este personagem é realmente digno de tal repúdio?
Olhando nos evangelhos as aparições de Tomé, o encontraremos em destaque nos capítulos 11 e 20 do evangelho segundo João. No capítulo 11 vemos de maneira explícita que Tomé era um dos discípulos mais fiéis de Jesus. Quando o mestre foi chamado para atender o caso de Lázaro, os discípulos pediram para Jesus não ir a Betânia, pois sendo esta cidade próxima de Jerusalém, era muito arriscado ir aonde os Fariseus o caçavam. Porém Tomé se coloca na posição de um mártir em potencial e afirma que se for preciso morrer com o mestre, assim faria.
Já no capítulo 20 é onde vemos um Tomé duvidoso a respeito da ressurreição do Senhor, mas também é onde podemos extrair algumas lições para nossas vidas, baseado em três fases que acontecem neste período da vida de Tomé.
A primeira fase é a da dúvida. Tomé, assim como todos discípulos viram Jesus morrer e o abandonaram. A morte de Cristo tirou o “chão” dos apóstolos. Depois de abandonarem suas atividades normais para seguir o mestre, passaram três anos assistindo milagres, ouvindo instruções e se apaixonando pelo Reino de Deus; e mesmo sendo avisados por Jesus que ele teria que morrer, os seguidores não esperavam que isto realmente acontecesse. A angústia e pavor era tanto, que todos se trancaram em uma casa e ficaram escondidos temendo pela suas próprias vidas.
No domingo da ressurreição, quando os discípulos ouviram das mulheres que foram ao túmulo que Jesus estava vivo, eles não acreditaram nelas e nem nos discípulos que viram o mestre no caminho de Emaús. Para que todos crescem Jesus teve que aparecer no meio deles, e foi justamente nesse dia, não sei por que razão, que Tomé não estava junto deles. Ainda no ceticismo, afirma então que se o seu Mestre estava vivo precisaria ver para depois crer.
Esta fase da dúvida, não é algo peculiar de Tomé. Moisés duvidou que ele era o escolhido de Deus para libertar os Israelitas do Egito. Gideão duvidou que Deus o usaria para livrar seu povo dos midianitas. Eu e você já duvidamos de muitas coisas que Deus disse que faria em nossas vidas. Muitos continuam duvidando dos projetos de Deus e vivendo vidas medíocres, mergulhados no medo e na angústia.
Penso que todos passamos pela fase da dúvida, mas o erro é permanecer nela. Precisamos alcançar a outra fase, a da experiência.
Para sair da dúvida Tomé precisou passar por uma experiência com Jesus. Depois de 8 dias duvidando e provavelmente sendo criticado por todos outros que haviam visto o mestre, Tomé continuava ali, no meio dos discípulos esperando alguma coisa acontecer. De repente Jesus aparece e tem uma conversa séria com ele para confrontar sua incredulidade. A experiência naquele dia foi realmente dura para este discípulo, mas necessária e eficaz.
Assim como Jesus voltou a aparecer para os discípulos e principalmente para Tomé, Ele sempre nos oferece oportunidades de experiências com Ele. Seja em um culto, em uma leitura bíblica, em um momento de oração, na contemplação da natureza, nas brincadeiras das crianças, no nascimento de um filho, etc. O Senhor está sempre nos convidando a sair da fase da dúvida e entendermos que Ele é real e tem excelentes planos para nossas vidas.
Tomé entendeu a experiência e passou para a fase seguinte que é justamente onde o Senhor deseja que todos venhamos estar. Na fase da entrega.
Tomé quebrantado abre os pulmões e clama em alta voz: ‘Senhor meu e Deus meu!’ Uma pequena frase que revela convicções maravilhosas que foram geradas no coração deste homem. Ao chamar Jesus de Senhor, estava afirmando que ele era apenas servo e estava totalmente disponível para que o seu KURIOS (Senhor) governasse sua vida. Ao chamar Jesus de Deus (THEÓS), estava confirmando que ali estava o Messias e que o propósito de seu existir era adorá-lo e engrandecê-lo.
Tomé investiu o resto de seus dias pregando o Cristo ressurreto. Na fase da entrega, deixou o Senhor governar a sua vida e anunciou as boas novas na Índia e norte da África. Seu fim, segundo o historiador Eusébio, foi ser martirizado na Etiópia onde padeceu queimado e transpassado por lanças enquanto pregava que seu mestre estava vivo. O antigo apóstolo da dúvida, morreu convicto que perder sua vida terrena era garantia de vida eterna ao lado de seu Senhor.
Não sei em qual fase você está, mas o lugar certo pra cada um de nós é a fase da entrega. Está na hora de falarmos como Tomé “Senhor meu e Deus meu”.
Por: Lediel dos Santos
Muito boa reflexão Pastor quantas vezes passamos o que Tomé passou. Continue buscando sabedoria é isso que precisamos de um Líder. Grande abraço. Bom final de semana pra sua família.