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PENSEI QUE ESTARIA RICO AOS 30

As minhas primeiras memórias relacionadas a idade estão todas ligadas aos 30 anos. A primeira vez que escutei meu pai falando sua idade foi ao citar seus 34, da minha madrasta, quando se casou com meu pai aos 30, minha mãe, me lembro bem quando fez 33 anos, ela repetia o dia todo que havia chegado na idade de Cristo.


Quando era criança e adolescente pensava que 30 anos era um semivelho. Assim, em meu imaginário lúdico, aos 30 me via rico e bem resolvido, como todo semivelho 'decente' deveria ser.

Hoje, com 31, me sinto um semivelho, semicalvo, completamente cansado e não fiquei rico (SIC).

Fui tapeado!


Quando se é jovem, tem-se a tendência de resumir a vida a meros acontecimentos, mapeamos nosso progresso com marca-textos temporais: casamento, carro, faculdade, emprego, etc., e nos frustramos, pois a realidade não é coordenada por coisas visíveis. A existência é muito mais gelatinosa e grudenta do que a compra de um carro novo, uma escalada profissional, um diploma conquistado ou casamento. A vida acontece na frieza das horas, dos minutos e segundos.

É Chronos nos devorando paulatinamente.


A vida adulta nos mostra que mais importante que meus olhos são às imagens. Aos 30 anos aprendi que a vida é maior, muito maior do que o Alexandre criança imaginava. Hoje, vejo meus pais com olhos diferentes dos olhares que me eram possiveis na época, tenho a sensação que estou redescobrindo minhas percepções e, consequentemente, redescobrindo meu passado.

Não fiquei rico aos 30, talvez, o Alexandre adolescente esteja frustrado comigo, mas o Alexandre de hoie aprendeu a duras penas que a riqueza é subjetiva. No processo de aprendizagem, gastei tempo, energia, perdi minha saúde mental, saúde física e coloquei em risco meus relacionamentos. No entanto, o mais importante é que continuo vivo e apto para continuar aprendendo.


Na realidade, pensando bem, acho que fiquei rico aos 30...

Sou rico em ver meu filho todos os dias gritando meu nome e dizendo palavras novas; rico em ter meus pais, minha madrasta e minha mãe ao meu lado; sou rico pelos meus irmãos, os melhores que alguém poderia ter tido; sou riquíssimo por ter uma esposa tão igualmente rica em virtude, paciência e vocação; milionário pelos amigos que encontrei e pela vocação que o Senhor colocou sob meus ombros; sou um verdadeiro burguês por poder congregar em uma igreja tão maravilhosa e servi-lá com minhas parcas habilidades. Acima de tudo, sou rico pelos sofrimentos que suportei e suporto diariamente em Deus.

Ééé... talvez eu seja rico e nem saiba. Por: Alexandre de Almeida



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